quarta-feira, 22 de julho de 2015

VIAGEM PELA ALMA

Oi...
Estou de malas prontas. 
Vou sair por aí viajando pela alma!
Têm muitas coisas ocultas nela... Segredos, sentimentos, cicatrizes, raízes, frustrações, decepções... 
Pensei em desistir...
Mas já estava tudo preparado. Então fui assim mesmo.
No começo a viagem me remeteu a uma grande dor. Me contorcia e até pensei em voltar. Mas relutei e continuei.
Encontrei nela muitas lembranças. De todos os tipos. 
E vi que existia ali coisas boas! Sentimentos bons!
Mas eles estavam sufocados! Havia muitos espinhos em torno deles.
Vi flores e senti o perfume delas.
Ouvi lindas canções.
Vi sonhos!
Nunca imaginei que pudesse encontrar essas coisas em uma alma desiludida!
Mas elas estão lá, buscando forças para sobressaírem... buscando uma fresta com um pouco de luz e calor para quebrarem os espinhos e vencê-los.
Pensei em intervir, mas fiquei com medo de me machucar.
O egoísmo me segurou forte e não me deu chances de tentar.
Foi aí que descobri o mais temido dos segredos: eu queria consertar o mundo e não enxerguei o quanto eu precisava me consertar! Mas minha alma estava vazia de esperança. 
Encontrei um espelho velho e quebrado. Aproximei-me dele. Mas ao chegar bem pertinho, vi que ele estava perfeito. Ele somente refletia as imperfeições que saíam impetuosamente do meu interior.
Gritei... Sofri... Chorei... Me rasguei por dentro e caí em um profundo sono.
Os sonhos voltaram a povoar minha mente adormecida.
Eles me mostraram o quanto eu deveria mudar!
Aprendi tantas lições!
E a que mais me ensinou foi aquela do espelho... ela me mostrou o quanto eu era imperfeita... a mais imperfeita das criaturas.
Daí, entendi que eu não tenho que consertar o mundo, nem os pensamentos dos outros, mas a mim mesma.
Entendi que existem pessoas carentes da minha ajuda, contudo, não de palavras e sim de ações.
Entendi que ao consertar a minha alma quebrada, eu teria condições de enxergar as outras almas com mais amor.
Entendi que ao aperfeiçoar a minha mão, eu teria condições de estendê-la para outra alma que estivesse caída, ajudando-a  a levantar.
Entendi que ao consertar meu pés, poderia caminhar em direção àqueles que gritavam por socorro.
Sobretudo, entendi que outras almas também viajavam dentro de mim e eu poderia viajar dentro delas através das atitudes.
Coloquei os cacos na bagagem... Não dava para descartá-los dentro daquela alma!
Me despedi e voltei trazendo na mala os cacos e as lições.
Guardei-os em uma linda embalagem para que toda vez que eu olhasse para ela me lembrasse daquela viagem e assim, me mantivesse em constante reciclagem.
Dessa forma, voltei a ter motivações pra construir o meu próprio espelho, que me mostrasse como eu estava por dentro. Que mostrasse as minhas imperfeições, de modo que eu pudesse entender o quanto eu sou pequena, o quanto eu tenho a aprender, o quanto eu tenho que crescer... não para ser maior ou melhor que as outras almas, mas para, pelo menos, tentar ser melhor do que eu fui ontem.
(Butterfly)


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